Lady MacLaura



haveria de ser síncope, palco
luzes! ... luzes! ... apaguem-se!
estas marcas, mãos minhas...
desfeitas cores das tuzes
do que cresce de mim
vaticínio em morte ancoradas
...
assina a sorte do nome
carregado feito útero seco
depassado
sôcumbe inébria
fílias e pélegas
por quais domínios morfetizada
nossa mascará

hás de morrer velhice
nesta búsqueda de viver
... juventude
fiz, mas só...
...
ai! o que não pude
tu, de entoar rasgou-se ao canto
e emparedaste natura incólume
da dúvida, barro e brio
da tua adega enluarada
viduvial escárnio do crânio do poeta
talha acalanto ádaga
o destino arrematado
lumnescência deste acto
par forma per fídias
incandemnia essentia
logla ero aíí... eón
heroé! deslacionados os prantos
de cada duplo por em mim
estirados marco
pois esticadas rugas
lisuras os meus rasgos

Existe Alguma Possibilidade Est-Ética que Não Acene ao Totalitarismo?



performance de Daniel Fagundes da qual participamos

...e a ética se mostra como possibilidade apenas ao acontecer do encontroutro! a ética habita o nada-abissal entre /eu/ e /tu/.
palavras proferidas por à escritura no décimosexto dia do mês de julho após sair de dentro de um fusca onde se deusencontravam outras nove pessoas nuas. *
Na vitrinasca soutita sublimne corpo palavra nã á verá ponha seu ego sobe mim a que melhor vistam meus sensos chama quadra em nonas vou que és vagem quando devoro teus suores e nomeio teus poros pêlo amor lua cheia, lusca fusa nu há e cru à senda vertigem dos passos: em nós foz do trêmulo não tratariam retrovisores por espelhos os fractos de kaleido escorressem aos seios sob os pés cos ossos como peito aberto e pernas torturas de joelhos arteados e labirintos arcados no toque

inharm

a Sergio Kafejian
risca de giz cobalto
intouração de manada, casco de fartas rugas
num dos vãos houve de lembrar e rir-se
apolo se punha à lira sem calos nos dedos
armônia entorpocene, ar ranhura e aromãs dos olvidos
ecos, sigam-nos pelas escadarias da diçatura
são passos estes fractos que perseguem
brilhuminescências a rodear os metais córtezes
serão portas, arroubos e vertílios
dos sinos vimos tudo que não o vento
todas as nódoas da vigília entoada na dobra
castanhas sementes de uma geometria além do musical
talvez assim se faça carmesim o pulso
estirado no mar, rimba feito alforje
syn crac plié ansi enfin cope funil
transparent nightlong
unwiring the barb
insolúvel resoluto rotom gria
de que importaria o tom quando ao tonus?
anseios da argila à saraiva
a corda bamba tocada de dentro pra fora
pela eletricidade ouvida no rasgo

ida e volta



a vis carrara
no interior moças ciscam posto garras
tomada a chácara de ao alto
arre e por medo do salto
caía em quedas e a fôrma da terra
desvencilhou-se do tempo em guerra
sabia chaga
chegava
soslaio

sangue na senda

A Vila e Os Lobos





primeiro movimento: a vila
1 padre não consegue dormir, 1 padeiro põe a massa na fornalha, 3 filósofos se reúnem, 9 pedreiros, 2 eletricistas, 4 mecânicos, 6 poetas líricos, 2 poetas malditos sendo 1 laureado, 13 ascetas, 7 heremitas, 12 crianças, 11 cozinheiros, 5 legisladores, 78 trabalhadores braçais, 8 escultores, 1 xamã, 14 músicos, 17 músicos procuram por 1 compositor, 15 burocratas, 16 policiais mas nenhum bandido, 2 pai de santos, 19 roçeiros trancaram suas portas e as marcaram com sangue de novilho, 10 viúvas, 18 jovens perdidos na noite que se silencia, 1 mãe consola seus 2 bebês que choram, 21 mendigos fogem rumo ao norte, 3 mulheres excluídas arrastam 1 compositor(Ernesto) e cozinham sua carne sob a lua.

segundo movimento: os lobos
os lobos cercam a vila
os lobos estraçalharam a vila
um a um e todos
restando somenta as crianças
... quando nasce o dia,
a loba mais velha vêm e amamenta-os