Polifonia Desgraçada {para treze vozes}

Santa Polifonia, ou Nossa Senhora dos Desgraçados



I{Prayer and Prey}I
animal interdito de cór, pó
cast{r}a sobrevipressora
indesejadequável insustemportável
queimará dutos em butas
árvore caída de joelhos

II{Peça}II
caleidotoit mon óx le coeurbeaur
sem linha de montagem em formaT de um perdidoíso
olhando os óleos soou ubi breu
devir gens ossídio, desperdício do descaso
gangue transfusa mênstruos coárgu rios

III{Sem Tabuleiro}III
por absurdo, Tempo, espinhos
sorvem taiças onde li cores que não nomearia
nem em numes ou lumes
te iro no pé e tom hei que jorrnar
entre bólido roto lá e espora de cá

IIII{El Ai Co.}IIII
quando dinamorama noitea
ou oisa que orvalha e a veste
entumesce a pele clorófila seiva
cidade silenciada em cada late
podem ouvir!

V{Gnoise}V
teus anjos riem embriagados
conosco oco asco, a garra faca
ró! mátula rompida às migas
cinzas brilho por toda a urbe
em leito leão ruvas férrimenta

VI{Láfora}VI
deitada na grama brisa sorri brasa grisa
autoritântopro, famíntglia
aterro com dincheiro, covalta
vinhas de lábias úmidas feitas auréolas
pó absolurdo, és passo e perde-na

VII{Violino Compressor}VII
um só pão e farbeação largo de sangue
para ali mentar à ávida ave de rapina
há alguém fedendo no coletivo
será o mendigo fílico no centro da nave ou o padre executiv à porta?
se entreolham as gengivas o corpo sorrindo

VIII{Poeste}VIII
sete mil trezentos e doze pombos defecantes em queda livre
é nas fossas ao limo que se sonha
em cartiveiros do confrorto só se domen
insones e sonâmbulos de mãos dados
mú sick vibrórgão de controle do pasto

VIIII{All rite!}VIIII
erguendo muros à sua margem
sem mel e lanças à máiscara
teleociliam os degraus de gen, o sítio
distendido em veneno e veneno
ou troço féu a trofia

X{Miss A}X
pia da noscente não tem'm, mais traças
batina de gola para todos no coro
ante o bafo, bufo ria
torrentes de baby beefs, catacombes sob os mosteiros
laicifício, o que dá o que come, sacrócio

XI{Ascese ao Ascéptico}XI
serpente precede à escala anterior à queda
lítio urgia pragma ungida em chofre
rastejado por dez esfinges de nomes santos
e normes genitálias com faces de mônios
tudo por ídolos da hera dormena

XI{Ascese ao Ascéptico}XI
quando a pedra estava irg'rija
vai da dívia o enclausuramanto
ecolatri{n}a das chaves e maldicção dos umbrais
me séria através das fhomens, p’hortas de daninhas
pass no burosuicraticídio

XII{O Transbordamento da Seca}XII
a causa chuva se em foco
em vésperas de viagem com a lama por l’ímpar
enxame de moscas brancas rompendo as redes
dodes{a}tin prosaico corrupmér
onde se parem cem maçãs por estigma

XIII{Marcha Ré que End}XIII}
são os lábios que nó cruzamento de olhares
se desnudem gargulanta cortina crepúsculo vox
agora com a abóbada coronária aberta
fende também o peito retorcido, nasce anlux
não pecando por medo da fraqueza de sermos humildes

igns index ignor, mas tentamos... tentamos...

A Desgraça, ou O Demônio da Polifonia

A Corda Quetzacoatl

Uma instalação interventiva para uma poética-ecológica menor.

(...) descer um pouco mais alto como fazem as corujas.

PARA a Transformação do espaço
& preparação do INDIVÍDUO COMO corpo público

                Uma passagem. É a passagem quem (em(caminha... Na passagem, todos caminham Pode ser por um túnel, por uma caverna, um esôfago, uma traquéia cada qual um caminho, cada um uma passagem,ninguém escapa Todos por seus caminhos. Obscuridão, transpassagem só revelada ao vê-la oculta –

A imersão do público num espaço de transição psico-física, da esfera cotidiana para o rito do espetáculo, da heteronomia das referências objetais para iniciar um “processo” de captação/atenção. A criação de um programa-e-squizo (as geografias de passagem, as medidas infinitas dos tópos, o bicho-geográfico, atingir o nervo rizomático) – meditação para a contemplação ativa, impermanência
(...)
No final, ao cessar da corda,
nós, o público,
entramos no teatro.

Sem ligação alguma, enquanto multidão outra vez

DESCRIÇÃO TÉCNICA DA INSTALAÇÃO & DO PROCESSO DE MONTAGEM

  • Quetzalcoatl:Uma passagem no saguão de entrada do anfiteatro do Sesc Pompéia que ocupe sua lateral direita, oposta a entrada dos banheiros, onde se cria um espaço de imersão na escuridão.A da estrutura de passagem será composta por lona, na extensão de XX metros no comprimento do saguão do anfiteatro, coberta por tecidos e pinturas a serem estipuladas e executadas pelos artistas.Plantas em geral (vasos de plantas, artificiais e naturais) dispostas ao longo da . Haverá a mesma disposição destas plantas no interior da passagem.O chão é composto por materiais escolhidos pelos artistas segundo o critério sonoro e olfativo dos mesmos, na criação de uma textura sinestésica do ambiente para potencializar a experiência da construção de uma percepção e uma memória por vibrações complexas do espaço físico e psicológico do passante.
  • A Corda:Se inicia na entrada do SESC, descendo a rampa principal em direção ao anfiteatro. Esta, por sua vez, adentra o espaço da obra até o seu final.Esta corda será feita por uma grande variedade de objetos, tais como: roupas usadas e retalhos de tecidos, brinquedos, livros, fios variados, sucatas, panelas, objetos pessoais, correntes, plantas artificiais, sacos de lixo vazio, sacos de compras entre outros badulaques de nosso fabuloso cotidiano.
  • O Som:Dois monitores de referência serão dispostos, um na entrada da instalação e outro no final dela, ambos voltados para dentro da passagem.Quatro monitores de referência serão dispostos no meio da passagem, sendo dois voltados para a entrada e os outros dois voltados para a saída.Um microfone será instalado no centro da passagem, suspenso acima da cabeça dos passantes, pelo qual se captará os ruídos ambientes. Estes sons serão reproduzidos pelos monitores de referência, levemente alterados por equipamentos eletroacústicos.Previamente, criar-se-á trilhas de escuta sob(re) platôs sonoros, onde se vislumbrará paisagens musicais e a ilusão contínua de silêncios. Estas gravações da cidade, de corpos, de túneis, de caminhadas, de objetos agindo no universo. Os platôs ou ilhas sonoras, serão tocadas ao acaso durante o ocaso da instalação, gerando um ruído passageiro.Continuidade de rupturas: silêncios, gravações prévias e sons produzidos durante a caminhada, formarão o contexto rítmico-afetivo da passagem. A dança dos timbres nômades pelos tempos e pelo espaço dos corpos, melodia dos elementos.

Ruidocracia

É sempre bom ver um neologismo seu se proliferar
ruidocracia
{estudo para o arcano XIII}
[1+12=13]Dentro da democracia dos signos não há espaço possível para o ruído, relegado à mera função de interferência ou adorno no paisagismo. Com isto sacrifica-se à margem qualquer possibilidade de sondagem profunda do ruir em si mesmo quando parte-se da linguagem.
[2+11=13]O signo do ruído é o cerne da tecnicologia dos dois extremos controles do demo(massa) aurais: No religar semiótico, permite aos ciclopes a contemplação da própria morte(XIII) ao mesmo tempo que os atira na surdez das iterações(progressões de redundâncias timbrísticas), eterno retorno da escala ao paraíso perdido da harmonia subjetiva(Ninguém me acertou). Já nas políticas simbólicas, gera os limiares das interações materiais dos objetos sonoros seja pela imanência heurística que transmuta o ruído novamente em sonema, como pela homeostasia dos sistemas musicais que imprime o foco tonal à redundância sonora de acordo com as dinâmicas entrópicas da rede.
[3+10=13]Podemos então falar de um ciclo de três modos de escuta do ruído dentro à natureza composicional, assim como podemos pensar um sentido como ruído(impregnação) do outro. Mas ainda, o multimídia quer estar em todas as modas ao mesmo tempo, para as dest'ruir.
[4+9=13]Ruído científico-profano: O ruído organizado como se observa no ícone matemático do ruido branco(white noise). O empalidecimento dos matizes cromáticos do barulho
gerado na síntese log arrítmica compõe a síntese dum espectro afetivo-racional. Os cães, como a estrela Sirius de Stockhausen vêem em preto e branco e ouvem melhor a síntese granular das altas freqüências que a pulsação esféride.
[5+8=13]Ruído sagrado: O índice dos silêncios potenciais, as paisagens sonoras em suas implosões de cores e sutileza de matizes. O templo é sagrado porque não está à venda para culto algum, o tempo é sagrado porque não pode ser cartografado. Color noises. João Jaula, procurando silêncios encontrou ruídos, buscando morangos achou cogumelos, buscando o tempo se deparou com a dança e a performance.
[6+7=13]Ruído comercial-laico: O barulho é o produto cultural ideal, pois não distingue a produtores e consumidores, mantém o trabalho da escuta no nível prototípico da soação sem perder nada da geometria tipológica da música. O que não é barulho brilhante no mercado cultural se restringe a interferência sistêmica(metaruído), mas sempre haverá um nicho de consumidores ávidos por turbilhões e é do mote fordista any color you lik
e as long as it's black que os sabbaths encontram seu caminho no seio da indústria da rebeldia. Black noise. Xenakis, o arquiteto busca ver com os sons pelo resto de sua vida o brilho da granada que lhe tomou um olho e um ouvido. A estocástica como religiosidade científica do ruído, a composição concreta dos desertos em rolos de memória. É noise na fita!
[0+13+0=13]O ideal de um mundo sem ruído político é alcançado pelo entranhamento de dois modos de conduta sonora: Uma codificação quântica em velocidades sempre acelerantes que prende os ouvidos pelas cadeias de Markov a uma certa faixa repertorial(as óperas de surdos-mudos da Cia. Invisível de Teatro Alchemico), ao mesmo tempo que uma exclusão pela inclusão como a observada no maximalismo academicista do fim de século. Este, pelo cálculo de todos os afetos musicais se nega a sentir as escutas que produzem seus sons(dir
eito autoral / dever atuante); se assemelhando assim com a irreversível entropia dos mercados de pasteurização fonográfica, que por excesso de redundância passaram a ser não mais que barulho para muitos.
[13+1=14]Laranja Eletrônica, os sonhos tangerinas dos rappers hackers acionistas de Beethoven nos templos do mantra de baixa tecnologia cruzam Dylan escarrando num intonarrumori: "Em direção ao abismo metálico entre os transistores e as cordas das guitarras... o ruído branco encontrará enfim o blues dos negros, as musascagam minérios em nós da névoa roxa antevista pelo terceiro ouvido de Hendrix ao roxo profundo das cabeças de máquinas... Nobody's gonna beat my car / It's gonna break the speed of sound / Oooh it's a killing machine / It's got everything."
[13+2=15]Sketch's Kitsch! A música como a melodia é em tempos de ostentação ruidística sempre meramente esboçada: ou sublimada pelo escárnio ou r
emixada pela obsolescência programada. Vês as rédeas que os produtores colocaram nas bandas pelas próprias bandas de freqüência? No futuro toda canção terá seus 15 segundos de barulho.
[13+3=16]O kitsch trabalha sempre sobre a ânsia de "querer parecer vanguarda" lembra Abraham Moles. O processo de sedução dupla da canção pop(por expansão novideira pseudocientífica e tradicionalismo hedonista pseudoreligioso) submergirá os famosos três acordes em camadas de atmosferas sonoras e hipnoses subliminares, do mesmo modo que engoliu a música geométrica pela ideologia significante(os violinos ao fundo do rap) e o transe mitológico pelo folclore(a onda de acústicos e a percussão maquínica).
[13+4=17]Pagu disse para Oswald: "A industrialização é, pois, por natureza, um desenvolvimento maternalístico". Quando toda a arte se sujeita ao desígnio do evolucionismo adaptativo dos modos de escuta estética o desáine se apresenta como padrão
de conduta ética do artista, que é reduzido a projetista de sensibilidades através de impulsos semânticos na vida pública privada. Aí, resta ao ruir artear.
[13+5=18]Canção, praça pública da música. Se podemos falar de democracia nos âmbitos do som seria, em termos tonais, o de uma arbitrariedade consentida de relações intervalares. Há caminhos sonoros que todos percorrem, há os cumes e cimos. Do metal ao doom há um duplo movimento de criação de uma micropolítica estética própria, ao mesmo tempo uma guturalização animalesca das macroestruturas industriais da forma-banda e uma complexificação das microestruturas digitais que almeja uma comedida máscara de desregramento. A corrupção se miniaturiza e toma entornos de uma opção estética, lógica da preferência tribal. Dietas das escalas pantone de ruído.
[13+6=19]A escultura ruidística como estilística do drone já tomou até mesmo as salas de dança com o Umwelt(Maguy Marin) mas ainda se mantém como linguagem de
resistência criativa à cultura capital nos undergrounds de todo o mundo. Merzbow pode bem ser colocado como o legado de Steve Reich e também como membro de uma guerrilha postgrindgore crystalpunk. Isto se dá porque o drone enquanto arquitetura fluida é a escolha pela especialização nas massas bonitas e sublime(imperativo estético legal kantiano), onde a formação sobrepassa a informação pela sua completa aceitação.
[13+7=20]O modelo dos carros muda, o som dos motores continua o mesmo. Enquanto você não parar seu carro não fale do meu drone, enquanto seu carburador queimar ossos não reclame de meu cigarro. Eis o ruído como nuvem de proteção radioativa, escudo eletromagnético da escuta nômade contra quaisquer arapucas de estilos. Bruito o retorno pós-apocalíptico à natureza da acusfera ionizada pelos impérios radiantes. Pitágoras a Orfeu no túmulo de Hermes: "Inaudivelmente alto, enternamente durante, longe alcançando", quando abre os olhos para ouvir a resposta vê Orfeu se afastando no horizonte cantando.
[13+8=21] Ao ruído nem som nem música resistem. À cibernética, rede
de volantes de volantes de redes de poderes, o carro serve de catedral barroca hipermoderna. Gonzalez me disse na lojinha de souvenirs da capela de ossos: "O modo diabólico está para o pós-moderno como a imagem do cristo para os barrocos". Na democracia dos signos, o ruído(e isto pode incluir tudo que soe de acordo com o desejo de escuta) é relegado ao âmbito de loucura, fazendo da própria escuta uma doença por envenamento(pharmakón).
[13+9=22] Devemos compreender que o registro direto do som é um fato novo na história do homem (a que os teosofistas nomeavam prisma das cores pela luz): data de pouco mais de meio século. Pensemos também no desenvolvimento dos processos audiovisuais(a harmonia sinestésica). Na época da reprodução da obra de arte(XV), torna-se obsoleta a idéia da arte desfrutada enquanto objeto raro e aparece a idéia da arte como contágio semiótico(Burroughs) A própria idéia da arte(III) é posta em questão. O que observamos em no
sso tempo é a explosão da informação sonora. A fartura(e miséria) do nosso tempo(ruídos inclusive) aumenta na medida mesma em que se difunde pela coletividade. A massa consome signos sonoros em massa. O modo tradicional de ouvir e compreender a música constitui uma pré-ordenação arcaica, com seus significados esclerosados, que não podem ser impostos ao grande público, pois a este o mundo industrial fornece tantos e tais meios de acesso e consumo do mundo sonoro, que ele próprio vai desenvolvendo sua capacidade de seleção e inteligibilidade. O que era qualidade se transforma em quantidade e é preciso encontrar os signos correspondentes a esta, para sua efetiva comunicação. O mundo das coisas vai-se dissolvendo e cedendo lugar ao mundo dos signos e da comunicação vital e vivencial. O mundo das coisas é feito de posse privada, o mundo dos signos, para a comunicação e a cultura pravida. Os objetos industriais(incluindo sua música), hoje, participam também da natureza da lingu
agem. O caos da informação sonora que nos aturde está a exigir uma ordem (não-definitiva - mas probabilística e mutável). Ordenar é selecionar e codificar. Codificar é transformar em signos - significar, tornar inteligível. Portanto, é comunicar. Aos trabalhadores do ruído, resta trabalhar dentro dos meios de comunicação de massa até que o sistema se transforme e seja absorvido. E ruir como imanência, ser o barulho de si mesmo no corpo coletivo. Love is noise! Zumbi indo!

Cassandra

opereta sobre texto e voz "Domínios do Demasiado" de Fabi Borges

A Tediosa Desventura Sucedida a Fiódor Stelaudi, na Cidade, Durante o Inverno

por princípio, tomado de tal ócio

que todos os edifícios se ergueram como caleidos enfurecidos
deparei-me com o deserto vertical e sussurrei às estrelas que não via
"pudesse subl ir, mar... já basta de flamar pelos flanos..."

pichei sobre os cartazes do parte ido:
o picho é outra cam(inh)ada
dobra
ao mesmo tempo depois e primeiro

pelas f*restas
a vi me olhando olhá-la
o vi vendo-me vê-lo ver-me

longo silêncio se nos abateu e
sutis danças distenderam as âmicas
movia meu corpo não por títere
mas sulco e densidade

digo-lhe: nada, absorto sorriso de cílios
paraliso meu corpo na postura dos homens humanos
e após longo silêncio entre nós
diz-me a lua:
... ... ... : ... ... ... ...
desçamos ainda mais alto na altura das corujas que caçam getos e astos
cantemos sob os sulcos dos raios dos lábios
... ... ... se calou e só pude ouvê-la no brilho
dos olhos que miravam acima
... ... raros ...
refletir,
refletir
como espelha nua
gente foi feita a refletir
eis o meu mantra
o meu e o da lua
e nada de pierrôs, bandeiras ou lanças fincadas
pelos corações dos dragões que são princesas

Timão

Quando o coringão foi campeão da segundona, sonhei que remava com Lamartine Babo pelo Tietê olhando a merda nos timões enquanto lhe contava de meus planos de fazer um quiosque e vender caipirinha na beira do rio, ele riu.
Disse que quando os corinthianos se lembrarem que são um clube de regatas, então os Coríntios devorariam o cadáver de São Paulo temperado no sangue de Cristo.
Acordei assustado e o Salsa tinha me mandado esta e outras da Orquestra da Guanabara... Resolvi fazer este estudo e parar um pouco de ler o Harold Bloom...

FORMULÁRIO DE PEDIDO DE VISTO / VISA APPLICATION FORM

RESIDÊNCIA
RELESPÚBICA
FODERATIVA DO PAU BRASIL

DADOS PESSOAIS
PERSONAL INFORMATION

PROTOCOLO Nº 112358-13-21
01 - NOME COMPLETO
FIRST/MIDDLE/FAMILY NAME
Fiódor Kepler Paracelsus Stelaudi
02 - NASCIDO EM (cidade/estado/país)
PLACE OF BIRTH (city/state/country)
Kýnesis/Flüxus/Sirius
03 - DATA DE NASCIMENTO(dia/mês/ano)
DATE OF BIRTH (day/month/year)
10.02.1968 segundo o calendário da Era Comum
04 - NACIONALIDADE
NATIONALITY
Gitano Espectral / Nomad Alien
05 - SEXO
SEX
Andrógino / Androgenious
06 - ESTADO CIVIL
MARITAL STATUS
Pânfago Abandonado / Tännhauser Lohëngrinn
07 - DOCUMENTO DE VIAGEM
PASSPORT OR TRAVEL DOCUMENT
Exame de Sangue / Library Card
08 - PAÍS EXPEDIDOR
ISSUING COUNTRY
Macondo, Pérsia
09 - EXPIRAÇÃO (dia/mês/ano)
EXPIRATION DATE (d/m/y)
Vide A Nau do Tempo Rei / Check Dorian Gray Iggy Opium
10 - NOME DOS PAIS
PARENT´S NAME
do pai/father’s: William Burroughs (a.k.a. Ziggy Stardust)
da mãe/mother’s: Elke Maravilha (a.k.a. Sta. Sarah Kali)
11 - ENDEREÇO RESIDENCIAL
HOME ADDRESS
Corpo Sem Órgão, 25 / Organless Body, 25
12 - TELEFONE Nº
TELEPHONE Nº
Telepathia
13 - PROFISSÃO
PROFESSION
Philósono / Audiomancer
14 - ENDEREÇO PROFISSIONAL
BUSINESS ADDRESS
Órgão Sem Corpo, 22 / Bodyless Organ, 22
15 - TELEFONE Nº
TELEPHONE Nº
Teleologia
16 - EMPREGADOR
EMPLOYER
ITS OM

FAVOR PREENCHER À MÁQUINA OU EM LETRA DE FORMA. RESPONDER AOS ITENS 1 A 30
E ASSINAR. OS FORMULÁRIOS INCOMPLETOS NÃO SERÃO CONSIDERADOS.
PLEASE TYPE OR PRINT. ANSWER ITEMS 1 THROUGH 30 AND SIGN. INCOMPLETE FORMS
WILL NOT BE CONSIDERED.


PARA USO OFICIAL
FOR OFFICIAL USE ONLY
A - Sapatos Nº.44
B - Figurino Nº.40
C - Tipo do Visto Ouvisto
D - X Concessão 0 Denegação 0 Prorrogação
E - Entradas 0 Uma X Múltiplas
F - Prazo de Estada 24/7 horas/dias
G - Data19/11/2008 dia mês ano
H - Observações Have been already in Cage with Satie when they were just litlle Bueys.
I - Assinaturas Funcionário Chefia

DADOS PESSOAIS
PERSONAL INFORMATION (CONT.)
17 - OBJETIVO DA PARTICIPAÇÃO
PURPOSE OF PARTICIPATION :
The messanger is the message.
18 - VOCÊ ACREDITA EM DEUS OU EM DARWIN? PORQUE ?
YOU BELIEVE IN GOD OR IN DARWIN? WHY?
Não acredito em Deus, mas ele credita em mim um amor terrivelmente imenso pelo qual já o perdoei. Por adaptação, o bico fractal de meu carnário canto não foi feito para a flor linear de Darwin. É o canto que cria o bico e não a fome, do mesmo modo que é a luz que cria o olho e não a penumbra.
19 - QUAIS SEUS HABITOS NOTURNOS?
WHAT ARE YOUR NIGHT HABITS?
Ritos para o vácuo universal. Orgias energéticas enérgicas. Pesquisas autobioquímicas. Danças no lusco-fusco. Prostituição semiótica. Flanar seguindo aromas. Orquestração constelar de dinâmicas do toque, delicadezabrupta sinestética. Foder acorirís. Ouver como os insetos criam crop-circles com sons.
20 – FALA ALGUMA LINGUA ESTRANGEIRA?
QUAL(IS)? SPEAK ANOTHER LANGUAGE? WHICH ONE(S)?
Conlang, Röumani, Sânscrito, Java, Ornotologia(Linguagem dos Pássaros), Ultrafreqüência LFO(Golfinhos e insetos) http://wiki.frath.net/Category:Conlangs
21 – UM LIVRO:
A BOOK:
O Almagesto de Zoroastro
22 – UMA MÚSICA:
A SONG:
Moya Tsiganskaja, clássico cigano na voz de Vladimir Vissotsky. http://www.youtube.com/watch?v=Vj3pd-a-js8 / A song: John Lennon’s Mind Games.http://www.youtube.com/watch?v=8dHUfy_YBps
23 - UM LINK DO YOUTUBE:
A YOUTUBE LINK:
http://www.youtube.com/watch?v=FAnSKN9s7eY
24 - UM DRINK:
A DRINK:
Absinto de Dijon
25 – UM FILME:
A MOVIE:
Conspiradores do Prazer de Jan Svankmajer
26 – VOCÊ É INSCRITO EM ALGUMA COOPERATIVA? POSSUI NOTA FISCAL?
ARE YOU A MEMBER OF A COOPERATIVE? CAN YOU INVOICE?
Não em clubes nos quais sou aceito, mas se descola nota quando necessário.
27 - JÁ ESTEVE EM OUTROS PAISES?
HAVE YOU EVER BEEN IN ANOTHER COUNTRY?
Paraguai, Bolívia, Peru, Uruguai, Minas Gerais, Argentina, Chile, Cuba, USA, Inglaterra, Irlanda, Escócia, Espanha, Portugal, Wonderland, Itália, Alemanha, França, Saturno, Bélgica, Dinamarca, Suécia, República Checa, Transilvânia, Romênia, Grécia, Turquia, Capadócia, Irã, Lua, Sirius, Alcyone, Porto Rico...
28 – SUA BIOGRAFIA:
YOUR BIOGRAPHY:
Quando o pó estelar entrou nas narinas e olvidos de meu pai, ele deixou o Neubauten em que morava na Detroit devastada pelos autoimóveis e seguiu ao deserto da Capadócia onde Cassandra lhe disse da mulher que incorporava Santa Sarah Kali numa estrela de Alfa-Centauri, encontrou em Éfeso um portal até lá, ao encontrá-la ela o chamou Anônimo, fizeram amor com água sem sal do mar vivo nos lábios e houveram tempestades por nove meses que tornaram mangue Saarah e caranguejo os escorpiões. Nasci num campo sonoro de Sirius sob forte presença da lua cheia de Aquário (com o meio do Céu em Ourifídio), quarta-feira-de-cinzas fui arrancado por três viganas que entoavam ao mesmo tempo meu nascimento e o desaparecimento de minha mãe e pai. Despertei na Amazônia. Por maldição de Plutão em Libra não cruzei os rios do esquecimento, e ainda lembro de minhas origens e errâncias estelares onde lentamente fiz laços com a matéria e a carne. As três velhas me iniciaram nas suas artes enquanto rejuvenesciam nas perambulações pela selva: Carmen Blavatski da culinária de toques e a impregnação dos poros à terra, Hilst Salomé da fianda sinestésica dos ventos solares e Woolf Lispector da caça a caçadores. Quando enfim completei 7 anos, elas aparentavam 14 e me iniciaram no dilúvio dos desejos sexuais e nas danças do fogo em Kundalini por suas concupiscências. Depois sumiram. Peregrinei pelos planaltos onde descobri o nojo à humanidade em doze subtrabalhos para me desprender de minhas megalomanias astrais: entreguei pizzas com Dylan nas zonas latifundiárias sem jamais atrasar, vendi cartões de dívidas na caatinga para um conselheiro de Dante, limpei banheiros públicos no maracanã em dia da final da copa e arrumei seus encanamentos ouvindo o som através da parede com uma concha, engraxei botas e saltos altos na praça dos três poderes e fui manicure dos índios do xingu, passeei os lobos de uma bruxa heterofóbica filha do vampiro Sade que se apaixonou pela mulher que também sou, fui office boy de Joseph K no Inverno que antecedeu a Primavera de Praga, maquiei cadáveres com dentes de diamante that Moles Füller digged e lírios na bocada do Bodelér, serrei sete alqueires de árvores com as unhas de Mojica que deixei com Poe e vendi a um marceneiro de Belém chamado Yéshua, servi de digitador para o livro de areia de Borges e vi escorrerem anos a fios dos cálculos de Böhr aos Cantos de Pound, virei cão de aluguel e vi os cadáveres de Macunaíma e Macabéia com carinho de amante, cozinhei meu próprio corpo para os canibais modernistas que depois cagaram-nas e Raul as recolou em mim, por fim me isolei numa alcôva nas Minas Gerais e ouvi Hermes desde o Sol do Sol, que me ensinou todas as dobras da luz na cor e no som, e me indicou que tomasse o peso de minha tarefa aural, só então soube de meu pai Som e mãe Música. Me apaixonei pela cigana Diana passando pelo labirinto Cabala de Javé, ela me abandonou e foi buscar sua virgindade de volta. Vim então para São Paulo dos Coríntios, onde passei a ouvir e soar no fogo lento do trabalho com a dupla hélice das musas, que andam comigo e em mim até que consiga, talvez com uma banda de rock fazer barulho o bastante para ressuscitar o rio Tietê onde serei enterrado e voltarei a ser som e luz.


TERMO DE RESPONSABILIDADE
FORMAL STATEMENT
29 - DECLARO SEREM VERDADEIRAS E COMPLETAS AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NO PRESENTE DOCUMENTO.
I DECLARE THAT THE ABOVE INFORMATION IS TRUE AND ACCURATE.
NOME /NAME DATA /DATE ASSINATURA /SIGNATURE
Fiódor Kepler Paracelsus Stelaudi Dia Day19 MêsMonth11 AnoYear2008 FkpS
30 – TEM CERTEZA? /ARE YOU SURE?
TAMBÉM / ALL SO